Filosofia

Filosofia é uma atividade de problemas.
Senão percebermos ou perdemos de vista os problemas que estão a ser discutidos, nunca conseguiremos compreender satisfatoriamente as matérias ou os autores estudados.

Exemplos de Problemas Filosóficos

A filosofia abrange muitos temas diferentes como a arte, a política, região, a ciência, a ação humana ou a ética. Por isso, os problemas filosóficos são muitos diversificados, mas têm em comum o facto de não poderem ser resolvidas pelos métodos das ciências.

  1. O que é agir livremente?
  2. Será que o bem e o mal dependem da sociedade?
  3. O que é o conhecimento?
  4. Será que Deus existe?
  5. Qual é a o valor da arte?
  6. O que têm de especial as teorias científicas?
  7. O que é uma sociedade justa?

Nem todos os problemas filosóficos são imediatamente compreensíveis e mesmo os que são precisam ser esclarecidos, quando perguntamos o que é o conhecimento, a que género de conhecimento estamos exatamente a referir-nos? E quando perguntamos se Deus existe, e que entendemos ao certo por “Deus”? Esclarecer os problemas a discutir é uma parte importante da atividade filosófica.

Respostas aos Problemas (trabalho de grupo)

  1. Agir livremente é fazer tudo o que queremos, tendo a noção das consequências.
  2. O bem e o mal não dependem da sociedade mas sim de cada pessoa.
  3. O conhecimento é a sabedoria.
  4.  Deus existe para quem acredita.
  5. A arte tem valor para quem sabe valorizar.
  6. As teorias científicas têm de especial o método.
  7. Uma sociedade justa é a convivência que existe entre as pessoas dia-a-dia e também saber comunicar e interagir.

Competências Relativas a Problemas

As competências avaliar nos diferentes tipos de testes a que estamos a sujeitos é:

- Identificar problemas filosóficos;

- Formular problemas filosóficos;

- Relacionar problemas filosóficos: entre si e com outros problemas;

- Justificar a relevância de um problema filosófico.

Identificar + Formular + Relacionar + Justificar

Para identificar um problema, basta apontar a sua designação habitual. Formular um problema, pelo contrário, exige que o apresentemos com clareza e rigor. A forma mais natural de o fazer é através de uma pergunta mas isso não quer dizer que isto seja obrigatório. Tomemos com exemplo o chamado "problema do mal". Quando se fala do mal estamos a identificá-lo num determinado texto. Para o formular, poderíamos apresentá-lo de uma destas formas:

- Se o poder de Deus não tem limites e Ele é sumamente bom, porque razão existe tanto mal no mundo?

- O problema do mal é a questão de saber se, no mundo em que há tanto mal, pode existir no ser homenipotente e sumamente bom.

 

Relacionar problemas é mostrar de que modo a forma como respondemos a um, tem implicações para a resposta de outro. Consideramos esta posição sobre o problema do mal.

- Se for verdade a liberdade ( livre-arbito ) dos seres humanos, implica a possibilidade de praticar o mal, então muito mal que existe no mundo é uma consequência inevitável da nossa capacidade de agir livremente. Por isso, esse mal não é da responsabilidade de Deus.

Esta é uma maneira de relacionar o problema do mal com o chamado problema do livre-arbito. Quando se relaciona problema, não basta dizer que estão relacionados. O desafio é mostrar como estão relacionados.

 

Justificar a relevância de um problema filosófico consiste em apresentar razões que o tornem digno de atenção. Estas são duas formas de justificar a relevância do problema do mal.

  • O problema do mal é relevante porque senão conseguimos resolvê-los, ficaremos com boas razões para acreditar que Deus não existe.
  • O problema do mal não tem importância na medida que nos leva a pensar na origem do mal e a procurar razões que justifiquem.

Teses

As teses são as respostas aos problemas. Podemos também usar "teorias" ou "perspectivas" para nos referirmos ás teses. Uma das características da Filosofia é a ausência de respostas consensuais para os problemas discutidos. Por isso o estudo de um problema filosófico envolve a identificação das várias teses rivais que se apresentam como respostas. Por exemplo, se estivermos a discutir a existência de Deus, importa reconhecer as seguintes teses:

  1. Deus existe.
  2. Deus não existe.
  3. Não sabemos se Deus existe.

As teses mais importantes costumam ser designadas por "ismos". As teses a) b) e c) correspondem respetivamente ao teísmo ao ateísmo e ao agnosticismo ( conhecer ) . Os ismos são abreviaturas muito convenientes, mas não devemos usá-los sem saber exatamente que tese designam, até porque temos como "objetivismo" ou " realismo" podem exprimir teses muito diferentes. Numa resposta de exame, importa deixar claro o que se etende por ismo que se está a usar.

Frases e Proposições

As teses são proposições ou conjunto de proposições.Uma proposição é aquilo que é expresso por uma frase declarativa que tem valor de verdade. Deste modo, as frases que não são declarativas, como as perguntas e as ordens, não exprimem proposições. Uma frase exprime uma proposição se, além de ser declarativa, fizer sentido classificá-la como V ou F. As frases com valor de verdade são precisamente aquelas que são verdadeiras ou falsas, mesmo que não saibamos se são uma coisa ou outra. Perguntar pelo valor de verdade de uma frase ou de uma proposição e esta exprime é perguntar se ela é se é V ou F. As frases seguintes não exprimem proposições: 

- Abre a porta!

- A porta está aberta?

- Não abras a porta.

Mas as frases seguintes exprimem proposições, já que faz sentido perguntar se são V ou F:

- A porta está aberta?

- A porta não está aberta.

- Se a porta está aberta, então alguém a abriu.

As frases são a expressão linguística das proposições. Para clarificar um pouco a relação que existe em:

  1. Se duas frases diferentes significa o mesmo, então exprimem a mesma proposição.
  2. Se uma frase pode significar coisas diferentes, (isto é se for ambígua) , então pode exprimir proposições diferentes. Por exemplo, as frases " Ponta Delgada fica a Sul da Ribeira Grande e Ribeira Grande fica a Norte de Ponta Delgada ", exprimem a mesma proposição. Mas a frases " O Érico viu a Sabina com os binóculos" pode querer dizer que o Érico viu a Sabina através de binóculos com que Érico viu a Sabina usar binóculos. 

​Proposições Condicionais

Algumas teses filosóficas consistem em proposições condicionais. As seguintes são exemplos de proposições deste género:

- Se está a chover, então o chão está molhado.

- Se os animais não tem deveres, não tem direitos.

- Se tudo que acontece tem uma causa, então não temos livre-arbito.

- Se a indução não tem fundamento a ciência é irracional.

Como esses exemplos deixam claro, todas as proposições condicionais podem ser expressas por frases com a forma " Se P, então Q " Note-se que no lugar de "P" e de "Q" encontramos também proposições, por exemplo, a primeira proposição condicional da lista é constituída pelas proposições expressas pelas frases " está a chover" e " o chão está molhado". E a segunda é constituída pelas proposições expressas pelas frases " os animais não tem deveres" " e os animais não tem direitos". As proposições que  constituem uma proposição condicional, tem nomes diferentes. Numa frase com a forma " se P, então Q ", a primeira proposição "P" é a antecedente, e a segunda proposição "Q" é a consequente.

Numa proposição condicional a antecendente é condição suficiente para a consequente.

Tomemos como exemplo a primeira proposição da lista. Esta significa que está a chover é uma condição suficiente para que o chão está molhado, ou seja, diz-nos que basta ser verdade que está a chover para também ser verdade que o chão está molhado. Numa proposição condicional a consequente é uma condição necessária para a antecedente. A primeira proposição da lista significa, portanto, que o chão está molhado é uma condição suficiente necessária para estar a chover. Ou seja, diz-nos que é preciso que seja verdade que o chão está a chover. ( Se o chão não está molhado, então não está a chover).

Resumindo, numa frase com a forma " Se P, então Q ", "P é condição suficiente, para "Q", e "Q" é condição necessária para "P".

Consideremos, agora, as seguintes proposições condicionais:

- Se João vai á porta, então vê o mar.

- Se João vê o mar, então vai á praia.

Estas proposições são diferentes. A primeira diz-nos que o João ir á praia é uma condição suficiente para ele ver o mar.

E a segunda significa, por sua vez que João ir á praia é uma condição necessária suficiente para ele ver o mar. Para exprimir esta ideia numa única frase, podemos dizer:

- João vai á praia se, e apenas se, ele vê o mar.

Esta proposição é uma bicondicional. As proposições deste gênero poder ser expressas por frases com a forma: " P se, e apenas se, Q". As bicondicionais são, por assim dizer, condicionais que funcionam nos dois sentidos. Algumas das teses filosóficas que iremos discutir são bicondicionais. Nota-se que as duas proposições relacionadas numa bicondicional não são designadas por antecedente e consequente. Numa proposição bicondicional estabelece uma relação de equivalência entre as duas proposições que as constituem: cada uma condição necessária suficiente uma para a outra. Consideremos mais um exemplo de proposição bicondicional:

- Margarida se tivesse boas notas, se somente se, estudar todos os dias.

Isto significa que se a Margarida passa o ano, se Margarida estuda todos os dias, então passa de ano. Portanto, Margarida passa o ano se ela estudar todos os dias, equivalente. Cada uma das coisas é necessária e suficiente para a outra.